BenefĂcio garante renda Ă s mĂŁes durante licença para cuidar do bebĂŞ.
O salário-maternidade Ă© um dos direitos mais importantes assegurados Ă s mulheres trabalhadoras no Brasil. Criado para garantir segurança financeira durante um dos perĂodos mais delicados e significativos da vida — a chegada de um filho —, o benefĂcio oferece um suporte essencial tanto para a recuperação da mĂŁe quanto para o cuidado do recĂ©m-nascido.
Esse direito não se restringe apenas às trabalhadoras com carteira assinada; ele também contempla seguradas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em diversas categorias, como autônomas, contribuintes individuais e até desempregadas que mantêm a qualidade de segurada.
Compreender o que Ă© o salário-maternidade, quem tem direito e como solicitar Ă© fundamental para que nenhuma mĂŁe deixe de usufruir desse apoio. A seguir, explicaremos todos os detalhes sobre o benefĂcio, desde o conceito atĂ© o passo a passo da solicitação.
O que é o Salário-Maternidade
O salário-maternidade Ă© um benefĂcio previdenciário pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) Ă s seguradas que precisam se afastar do trabalho devido ao parto, adoção ou aborto nĂŁo criminoso.
Ele tem como principal objetivo substituir a remuneração da trabalhadora durante o perĂodo em que ela está legalmente afastada para cuidar do bebĂŞ ou se recuperar de complicações relacionadas Ă gestação.
O benefĂcio funciona como uma forma de garantir que a mulher nĂŁo seja prejudicada financeiramente por exercer o direito Ă maternidade. Em situações de adoção, por exemplo, o objetivo Ă© o mesmo: assegurar o vĂnculo e os cuidados iniciais com a criança.
O pagamento pode ser feito diretamente pelo INSS ou pela empresa empregadora, dependendo do tipo de vĂnculo profissional. No caso de trabalhadoras com carteira assinada, a empresa antecipa o valor e depois Ă© ressarcida pelo INSS. Já para as demais categorias, o pagamento Ă© realizado diretamente pelo instituto.
Quem Tem Direito ao Salário-Maternidade
O salário-maternidade Ă© um direito de todas as seguradas da PrevidĂŞncia Social, desde que cumpram os requisitos mĂnimos exigidos. Isso inclui diferentes perfis de trabalhadoras:
Empregadas com carteira assinada – TĂŞm direito ao benefĂcio a partir do afastamento, sem necessidade de comprovar carĂŞncia (nĂşmero mĂnimo de contribuições).
Trabalhadoras domésticas – Também têm direito, desde que o empregador esteja em dia com as contribuições previdenciárias.
Contribuintes individuais e autônomas – Precisam comprovar pelo menos 10 contribuições mensais antes do parto ou adoção.
Seguradas facultativas (como donas de casa que contribuem por conta própria) – Também necessitam de 10 contribuições antes do evento.
Desempregadas – Se ainda estiverem dentro do perĂodo de graça (tempo em que o INSS mantĂ©m a qualidade de segurada apĂłs parar de contribuir), podem ter direito ao benefĂcio.
Seguradas especiais (trabalhadoras rurais, pescadoras artesanais, etc.) – Devem comprovar o exercĂcio da atividade rural nos 10 meses anteriores ao parto ou adoção.
AlĂ©m disso, o benefĂcio Ă© garantido em trĂŞs situações especĂficas:
Parto (inclusive natimorto);
Adoção ou guarda judicial para fins de adoção;
Aborto espontâneo ou previsto em lei (nesse caso, o benefĂcio Ă© pago por duas semanas).
Duração e Valor do BenefĂcio
A duração do salário-maternidade varia conforme o tipo de situação:
120 dias (4 meses) para parto, adoção ou guarda judicial;
14 dias em casos de aborto espontâneo ou legal.
Algumas categorias profissionais, especialmente aquelas com regime prĂłprio de previdĂŞncia, podem ter regras especĂficas que estendem o perĂodo de afastamento.
O valor do benefĂcio tambĂ©m depende do tipo de vĂnculo da segurada:
Empregadas com carteira assinada: recebem o valor integral do salário mensal.
Empregadas domésticas: recebem o valor do último salário de contribuição.
Contribuintes individuais e facultativas: recebem a média dos últimos 12 salários de contribuição.
Seguradas especiais: recebem um salário mĂnimo mensal.
É importante lembrar que o salário-maternidade nĂŁo pode ser acumulado com outros benefĂcios do INSS, como o auxĂlio-doença, salvo em situações especĂficas devidamente analisadas pelo instituto.
Como Solicitar o Salário-Maternidade
O processo de solicitação do salário-maternidade se tornou mais simples com a digitalização dos serviços do INSS. Hoje, boa parte dos pedidos pode ser feita online, sem a necessidade de ir a uma agência.
Passo a passo para solicitar o benefĂcio:
Acesse o site ou aplicativo “Meu INSS”
DisponĂvel para Android, iOS e tambĂ©m pelo site meu.inss.gov.br.
Faça login
Utilize seu CPF e senha cadastrada no portal Gov.br.
Procure pelo serviço “Salário-Maternidade”
No campo de pesquisa, digite “salário maternidade” e selecione o tipo de benefĂcio correspondente ao seu caso (empregada, contribuinte individual, desempregada, etc.).
Anexe os documentos necessários
Documento de identificação (RG ou CNH);
CPF;
Certidão de nascimento ou de natimorto da criança;
Documento que comprove contribuições ao INSS (para autônomas e facultativas);
Termo de guarda ou sentença de adoção, quando aplicável.
Acompanhe o andamento do pedido
O status pode ser consultado diretamente pelo aplicativo “Meu INSS” ou pela Central 135.
ApĂłs a análise, caso o benefĂcio seja aprovado, o pagamento Ă© realizado diretamente na conta bancária informada no cadastro.
Direitos, Obrigações e Casos Especiais
O salário-maternidade é protegido por lei e visa evitar qualquer tipo de discriminação contra a mulher em razão da maternidade. A Constituição Federal e a Lei nº 8.213/1991 garantem esse direito, reforçando que nenhuma trabalhadora pode ser demitida durante a gestação e até cinco meses após o parto, salvo por justa causa devidamente comprovada.
AlĂ©m disso, existem algumas situações especĂficas que merecem atenção:
Parto prematuro: o benefĂcio Ă© devido a partir do parto, independentemente da idade gestacional.
Adoção por casais homoafetivos: ambos os parceiros podem requerer o benefĂcio, mas apenas um o receberá, conforme determinação judicial.
Falecimento da segurada: o cĂ´njuge ou companheiro pode ter direito a receber o benefĂcio pelo perĂodo restante, desde que tambĂ©m seja segurado do INSS.
Trabalhadoras informais: se contribuĂrem como seguradas facultativas ou individuais, podem ter direito ao benefĂcio, desde que em dia com as contribuições.
Em todos os casos, é fundamental manter a documentação em ordem e as contribuições devidamente registradas, pois o INSS exige comprovações formais.
Importância Social e Econômica do Salário-Maternidade
O salário-maternidade vai alĂ©m de um simples benefĂcio financeiro. Ele Ă© um instrumento de proteção social e de promoção da igualdade de gĂŞnero.
Do ponto de vista social, o benefĂcio permite que mĂŁes (e pais adotivos) possam dedicar-se ao cuidado do filho nos primeiros meses de vida, fortalecendo o vĂnculo familiar e garantindo melhores condições para o desenvolvimento da criança.
Sob o aspecto econômico, ele ajuda a reduzir as desigualdades no mercado de trabalho, oferecendo uma compensação justa durante o afastamento. Sem esse suporte, muitas mulheres poderiam ser forçadas a escolher entre a maternidade e a estabilidade financeira, o que representaria um retrocesso em termos de direitos trabalhistas.
AlĂ©m disso, o benefĂcio estimula a formalização do trabalho e a contribuição previdenciária, uma vez que, para recebĂŞ-lo, Ă© preciso estar registrada ou em dia com o INSS. Isso cria um ciclo positivo de proteção e cidadania.
ConclusĂŁo
O salário-maternidade Ă© um pilar fundamental da proteção social brasileira, assegurando dignidade, estabilidade e segurança Ă s mulheres e famĂlias em um momento de profunda transformação pessoal.
Ele representa nĂŁo apenas um benefĂcio financeiro, mas uma conquista de dĂ©cadas de luta por igualdade e valorização do papel da mulher na sociedade e no mercado de trabalho.
Saber quem tem direito, quais documentos sĂŁo exigidos e como solicitar Ă© essencial para garantir que nenhuma mĂŁe ou cuidador deixe de receber o que lhe Ă© assegurado por lei.
Por isso, é importante manter as contribuições previdenciárias em dia e buscar informações sempre atualizadas diretamente com o INSS ou com profissionais especializados.
A maternidade Ă© um direito — e a segurança durante esse perĂodo, um dever do Estado e da sociedade.
Nota: Este artigo tem fins estritamente informativos e não substitui a orientação de um profissional especializado. As regras e exigências do INSS podem mudar conforme novas legislações ou atualizações de sistemas.
Em caso de dĂşvidas especĂficas, procure um contador, advogado previdenciário ou atendimento oficial do INSS para receber informações precisas e atualizadas sobre o seu caso.


